quarta-feira, 29 de julho de 2009

QUE DEUS É ESSE?

Conforme o prometido, publico esse artigo, para meu compadre Buri, meu amigo Rivinha e para que nossos leitores reflitam sobre.

QUE DEUS É ESSE?

“God’s Will” - ou - “Vontade de Deus”, é um pensamento da era medieval, imposto numa sociedade onde a principal regra era o temor a uma crença monoteísta. O medo, o receio do castigo, a vida baseada na unidade bilateral: o certo e o errado, o sacro e o pecaminoso, o que levará para o céu e o que te levará para o inferno.
Era preto ou branco, inexistindo as inúmeras e infinitas variações de cinza. As verdadeiras interpretações da vida.

Baseados na expressão: “God’s Will”, o homem guerrilhou, matou, trucidou, invadiu, estuprou, condenou e marcou para sempre a história da humanidade. Mas sempre sob a vontade de Deus. E eu pergunto: que Deus é este?

Os séculos se passaram e, em grande parte graças ao Renascimento, o homem deixou de viver em temor pleno e exclusivo a Deus, para tornar-se mais antropocentrista, ou seja, baseado na própria existência humana. Maravilhado com seu próprio corpo, suas formas e sua maneira de pensar, independentemente da existência de Deus, pois afinal, temos o livre arbítrio.

Pois bem.
Não sei exatamente a linha tênue que marcou novamente como o período em que o povo ocidental voltou a ter uma fé cega e inexplicável. Porém, cada vez mais vemos o ideal “God’s Will” voltando com força pra cima da sociedade cristã.

Meu filho morreu: Vontade de Deus.
Minha namorada engravidou: Vontade de Deus.
Choveu: Vontade de Deus.
Secou: Vontade de Deus.
Estou com câncer no ânus: Vontade de Deus.
Estou lendo este post: Vontade de Deus.
Um cidadão pegou uma faca durante a madrugada, esfaqueou minha filha recém nascida dezoito vezes na cabeça e em seguida fez sexo com seu cadáver: Plano de Deus.

NÃO!

Há pouco tempo ouvi este terror: “O tsunami foi enviado por Deus como castigo para aquela sociedade pecaminosa”.

Meu Deus…
Quanto mais nos deixamos dominar por este tipo de idéia, mais regredimos em pensamento para o período medieval. Em breve, as guerras serão justificadas, a Faixa de Gaza se tornará pura e santa, as atrocidades serão sempre uma obra do Diabo, mas permitidas por Deus.
Será possível imaginar, somente por cinco segundos, que se Deus realmente criou o homem e tudo ao seu redor, ele o fez de forma que os acontecimentos ocorreriam independentemente de sua intervenção?
Que valor possui o livre arbítrio, se as resultantes são sempre aquelas definidas pelo poder superior?

Adianta escolher, viver e existir, se na realidade todos os atos seus e ao seu redor não são resultados de escolhas humanas?

Como Deus poderia ser estupidamente sanguinário, a ponto de matar milhões de inocentes, em busca de sustentar um argumento, consolidar uma idéia, provocar o pânico humano. Ou, como muitos afirmam: Testar a fé. Que tipo de ideal de teste de fé é este, que sacrifica crianças, animais e safras de alimentos, tudo para verificar se a fé do testado não deixar-se-á abalar.

Não faz sentido.
No livro de Jó, presente na Bíblia Sagrada, Deus permite que o Diabo mate sete rapazes e três moças, todos filhos de Jó, além de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas. Tudo para provar que a fé de Jó não se abalaria.

Pois eu novamente pergunto: Que Deus é este?!
Morreria você, agora, depois de todos os anos vividos e sonhos a realizar, somente para que a fé de seu pai fosse testada? Ah, eu chegaria lá em cima com muitas argumentações.

Mas, afinal, se Deus realmente é este facínora assassino, que mata e tortura psicologicamente em busca da fé cega, então com certeza acabarei no inferno, pois Neste não depositarei minha fé.

Até lá, minhas esperanças reinam na metáfora interpretativa da Bíblia. E, acima de tudo, na idéia de que a morte ou sobrevivência é uma resultante humana, assim como a chuva cai por força da natureza e os terremotos abalam por única e exclusiva falha nas placas tectônicas.

E se Deus ficou revoltado com este post e realmente for o que muitos fiéis pregam, acreditem, não viverei para o próximo. Ou então minha família morrerá como punição.

Felipe Neto

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