domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Dependência química em 3X4


Campanha em Londres mostra, em fotos de ficha policial, a degradação visual de dependentes.
Não viu nada quem se impressionou com as fotos sobre os males do cigarro impressas nos maços brasileiros, todas elas posadas, algumas pura simulação, com modelos no lugar de personagens reais. Chocantes de verdade são as imagens mostradas por uma campanha antidrogas que acaba de ser lançada em dezessete bairros de Londres, com duração prevista de três semanas. Sob o mote “Não deixe que traficantes mudem a cara do seu bairro”, a divisão antinarcóticos da Scotland Yard mandou imprimir cartazes, anúncios e até discos de papelão para apoiar copos de cerveja com fotos, cedidas pela polícia dos Estados Unidos, tiradas do prontuário de três viciadas americanas, presas em diversas ocasiões por crimes relacionados com sua dependência. Num prazo que vai de quatro a oito anos, as três mulheres definharam, fisicamente, de maneira assustadora: faces normais se transformaram em rostos encovados e enrugados, dentes estragados, todo sinal de vitalidade como que sugado por um aspirador gigante. “Um dos efeitos mais visíveis das drogas estimulantes, como a cocaína, é o emagrecimento extremo, pela perda quase total de apetite. Sob efeito da droga, o usuário não se alimenta, o corpo começa a sofrer de subnutrição e desidratação e, nesse estado, o organismo é acometido por infecções diversas”, explica o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Escola Paulista de Medicina.

Os viciados em crack são o alvo principal da campanha em Londres, onde o número de dependentes dobrou em dois anos, para 45.000; testadas, 50% das pessoas detidas no mês passado indicaram ter consumido a droga. Na campanha, o registro mais completo é de Roseanne Holland, da Flórida, detida pela primeira vez aos 29 anos e a partir daí, seguidamente, até os 37 – os seis retratos em 3×4 exibidos no cartaz da polícia londrina são um detalhado e terrível registro de sua degradação física. Melissa Collara, também da Flórida, presa dezessete vezes por prostituição, é vista em outro cartaz, primeiro aos 18, depois aos 21 anos, com as feições devastadas pelo crack. Acredita-se que ambas já tenham morrido. Já Penny Wood, de Chicago, estampada nos cartazes aos 36 anos e aos 40, arrasada pelas anfetaminas, está viva e em tratamento há um ano e meio. Em carta de apoio à campanha que enviou à polícia de Londres, ela relata: “Não só a desfiguração externa é intensa – o efeito dentro do corpo é pior ainda”. Especialistas e mesmo a polícia não confiam muito em que as fotos venham a convencer dependentes a se afastar das drogas. Mas a Scotland Yard espera que a campanha atinja seu principal alvo: conseguir que a população informe anonimamente sobre a presença de traficantes nas imediações.
Fonte: Veja

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